O curso
Como uma pesquisadora ou uma cidadã comum, como eu e você, vivendo em uma grande cidade, consegue acessar tribos de povos originários da Amazônia ou da Melanésia? Como consegue se aproximar de gangues para dali extrair informações a respeito de seu modo de vida? Da mesma forma, como se aproximar de pessoas vivendo em ocupações urbanas ou em situação de rua? De prostitutas? De bailarinas? De cirurgiões plásticos? Ou de qualquer outro grupo distante da realidade original da observadora?
A pesquisa em antropologia possui técnicas de imersão nas realidades sociais que estuda. Este curso parte da experiência como antropóloga da facilitadora em três grandes pesquisas que empreendeu (entre pescadores evangélicos caiçara, entre traficantes do comando vermelho e entre prostitutas de luxo) para discutir algumas formas de aproximação de grupos desconhecidos até o momento da entrada em campo.
Quando uma antropóloga volta de seu mergulho, traz informações importantes sobre como vivem as pessoas da comunidade estudada; que sentidos essas pessoas dão para as suas práticas cotidianas; suas técnicas corporais (ou seja, formas com que movimentam seus corpos); os sistemas simbólicos que organizam aquele grupo; comportamentos típicos, etc. Assim, este aulão pretende entregar ferramentas para escritoras e escritores apurarem seu olhar e disposição ao encontro com o outro, quando o propósito é a produção de um texto que descreva ou contenha as características de grupos distantes de sua realidade original.
A ideia é fazer das aulas também um espaço de compartilhamento de experiências e angústias em relação ao outro, uma alteridade absoluta que vai se diluindo conforme o contato acontece, até que nos apercebemos que a fronteira que nos separa do “outro distante” é, na realidade, porosa e transponível.
Metodologia: aula expositiva, debate e análise de textos.
Público-alvo: pessoas que queiram usar ferramentas antropológicas (observação, aproximação e descrição de cunho etnográfico) para a construção de textos de ficção.
